O empresário Glauco Diniz Duarte explica que o estilo de liderança adotado pelos gestores exerce um significativo impacto sobre a satisfação dos trabalhadores. E, consequentemente, sobre a produtividade. De encontro a isso, foi difundida, então, a diferenciação entre chefe e líder. Definindo-se que o primeiro qualificativo é automaticamente atribuído à pessoa que assume um posto de gerência. Já o segundo, precisa ser conquistado. Nesse artigo iremos desenvolver como esse conceito é desenvolvido em uma empresa familiar.
Atualmente, destaca Glauco, grandes corporações se preocupam com o assunto, fazendo grandes investimentos em programas de desenvolvimento e formação de líderes. Através de treinamentos, cursos e um maior aperfeiçoamento do RH (recursos humanos) da empresa.
Ocorre, no entanto, que os esforços nessa direção estão fortemente concentrados nas organizações de maior porte. Em pequenas empresas, raramente são desenvolvidos projetos consistentes para o aprimoramento das práticas de liderança. Essa carência é ainda maior nas organizações familiares. Nas quais os gerentes costumam ser escolhidos mais em função dos vínculos de parentesco do que nas competências mostradas. Portanto, normalmente, não precisam demonstrar especial capacidade de liderança para manter-se nos cargos ou ascender a posições superiores. É notável a dificuldade de surgimento de novos líderes nesse ambiente.
Assim, é possível fazer uma conexão entre a formação desse perfil e a importância do processo de desenvolvimento de novas lideranças na empresa familiar. Para isso,destaca Glauco, é fundamental a profissionalização e a adequação de uma empresa familiar com o mercado na qual ela está inserida.
A estrutura de uma empresa familiar
Glauco diz que a estrutura familiar de uma empresa pode tornar as decisões mais rápidas. Muitas questões importantes podem ser discutidas no almoço de domingo ou no hall do elevador. Porém, esse ambiente, no qual o pessoal e o profissional se misturam, pode fazer com que as decisões tomadas sejam precipitadas. Deixando-se levar pela emoção e não pela razão. Gerando desavenças familiares que são automaticamente transportadas para o ambiente empresarial.
Para evitar esses conflitos, sugere-se a profissionalização da gestão da empresa. Até mesmo porque, geralmente, é difícil para a família preencher todas as funções gerenciais e lideranças da organização. Esse processo deve ser feito através da elaboração e implementação de práticas de governança corporativa, regras de conduta e políticas para os mais diversos temas.
Quanto mais membros da família trabalharem na empresa, mais é interessante ter pessoas de fora na direção ou então na composição de um conselho consultivo de profissionais independentes. Os quais possam ajudar nos momentos de transições decisivas, cada qual com seus desafios peculiares.
A escolha dos profissionais de mercado com cargos executivos também é um ponto delicado. Deve haver consenso a respeito de suas tarefas e de seu poder dentro da estrutura. O profissional deve trabalhar em sintonia com os valores da família e seus objetivos.
Governança corporativa
Nesse momento, destaca Glauco, as regras de governança, de conduta e de políticas ajudam a definir a participação dos familiares e as regras de meritocracia.
À medida que o tempo passa, a família cresce em uma progressão mais rápida do que a empresa. Logo, o capital fica mais diluído e, então, os problemas tendem a aumentar. Por isso é importante também haver regras para a sucessão familiar.
O objetivo principal de qualquer empresa é o de garantir sua continuidade, perpetuar o negócio — e isso tudo passa pela temida discussão da sucessão. O ideal é que se planeje e equacione a questão antes da morte do fundador da empresa, de modo a que ele transmita o comando ainda vivo e assuma outro papel na organização.
Assim, ao não se discutir antecipadamente o assunto, a geração mais antiga perde a oportunidade de formar uma nova geração de líderes, comprometendo o futuro do negócio. Nesse processo, a profissionalização da administração e a governança ajudam a alinhar a estratégia da empresa, tornando a questão da sucessão mais fluída e natural, sem falar na racionalização da transferência de patrimônio e autoridade para o comando financeiro do negócio.