Em tempos de corrupção em alta é muito comum ouvirmos falar de governança como uma ferramenta mágica para trazer transparência, ética, equidade e valores para as empresas, governos e entidades. Porém esquecemos que a governança sem compreensão do contexto onde estamos, sem a comunicação clara e transparente e sem justiça para todos, está fadada ao fracasso.
Por isto, de acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, faz-se necessário revermos os princípios que foram semeados na criação das empresas, países, entidades, entre outros e refletirmos sobre a essência destes locais e os princípios de sua existência. Para não divagarmos vamos nos ater ao cenário das empresas.
Para Glauco, geralmente o fundador da empresa, quando a cria, tem um sonho, um ideal, e muitas vezes quando a empresa cresce, ao invés de rever este ideal com os funcionários, fortalecê-lo e ajustá-lo para o momento, o fundador apenas segue em frente , acreditando que somente ele tem condições de gerir e dirigir a empresa, matando aos poucos sua essência, perdendo funcionários, perdendo clientes e qualidade de serviço.
Porque isto acontece? Segundo Glauco o normal é acontecer porque a comunicação na empresa é falha tanto de baixo para cima quanto no sentido inverso. Cria-se uma distância muito grande entre quem está no comando e quem está operando a empresa. Este buraco nasce pela falta de governança, onde os objetivos, metas e valores da empresa não são falados, discutidos e revalidados, onde as regras não são claras e existem dúvidas sobre o que fazer e o que esperar da gestão, onde não há engajamento por um bem maior e o comum é o funcionário trabalhar em prol do seu próprio interesse. Tudo isto afeta a cadeia produtiva e os participantes do processo da venda até a entrega para o cliente final, trabalham de acordo com a sua visão.
Neste cenário não há como criar um plano de sucessão porque as pessoas que resolvem os problemas diários da empresa tornam-se reféns do seu heroísmo ao trabalhar, entregam o trabalho da sua forma, não há padrão, não há modelo, não há treinamento e não há construção de marca, existe apenas o individuo que o cliente interno ou externo, fornecedor ou colaborador confia para solução dos seus problemas. No curto prazo este tipo de contexto parece ótimo porque os problemas não se acumulam, mas cria-se uma relação doentia, onde a empresa depende de alguns indivíduos que não crescem porque não existe substituto com conhecimento do trabalho e amedrontada em perdê-los, a empresa torna-os intocáveis, impossibilitando o processo de sucessão.
Portanto, destaca Glauco, sucessão não é algo que deve ser pensado somente no nível da alta gestão, mas em todas as camadas da empresa para que as pessoas evoluam, criem elos reais de engajamento, entendam o propósito da empresa e qual o seu papel em cada função. Para isto, uma comunicação clara dos valores, atitudes éticas e responsáveis e principalmente transparência nas relações devem ser vistas como o caminho que cada colaborador da empresa deve ter, entender e praticar para a perenidade do negócio. Os princípios de ética, honestidade, responsabilidade e transparência começam nos atos de cada um de nós. Vamos nos repensar e agir!