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GLAUCO DINIZ DUARTE – Como

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GLAUCO DINIZ DUARTE – Como ter uma indústria mais produtiva com o Sistema Toyota de Produção

Com princípios criados no início do século XX, o Sistema Toyota de Produção (TPS) influencia até hoje empresas de todos os segmentos. A própria Toyota é a maior prova de que o sistema funciona e que sua filosofia pode ser aplicada nos mais diversos tipos de negócios – e por que não no seu?

Qual será o truque por trás desse método que consegue melhorar a produtividade até de um hospital, como aconteceu no Hospital Santa Cruz de São Paulo? O segredo é adotar uma nova mentalidade sobre o processo de produção como um todo.

A partir de agora, vamos entender como o Sistema Toyota de Produção pode aumentar a produtividade da sua indústria e porque esse é um fator importante para torná-la mais competitiva.

A sua indústria é competitiva?

Esqueça o que você aprendeu sobre a relação entre mão de obra e competitividade. Isso é passado. Caso queira usar a China como exemplo para dizer que mão de obra barata é a grande responsável pela produtividade, saiba que as coisas mudaram por lá também.

Hoje, a nova concorrência entre as indústrias é pela produtividade. E se mão de obra não é mais um fator competitivo, o que é? A solução para aumentar a produtividade é utilizar diferentes processos e técnicas de fabricação.

Para deixar claro: quando falamos de processos e técnicas, vai muito além da tecnologia. A estratégia da sua empresa tem que começar pela gestão e cuidado com os procedimentos. Sim, isso é possível. A Toyota conseguiu mudar os seus métodos e aumentar a produtividade, tornando-se uma referência mundial! O Sistema Toyota de Produção funciona e pode fazer a diferença na sua indústria.

Veja como eles conseguiram:

Como tudo começou

A inovação está na família Toyoda há gerações. Em 1918, Sakichi Toyoda cansou de encontrar no tear peças recém produzidas com defeito – imagina que decepção. Para mudar essa situação, ele criou o primeiro tear automático que interrompia a tecelagem quando algum fio quebrava. Com a invenção, ele deu início ao primeiro princípio do TPS: o Jidoka (mais explicações nos próximos tópicos).

O filho desse grande inventor japonês, Sakichi, Kiichiro Toyoda, fundou em 1937 a famosa Toyota Motor Corporation (com uma pequena adaptação do sobrenome da família). Antes de ser a gigante que conhecemos, a Toyota passou por maus bocados, principalmente no período pós-guerra.

No fim da Segunda Guerra Mundial o Japão estava devastado e, consequentemente, sua indústria sofria com as más condições econômicas da nação. Ao mesmo tempo, do outro lado do mundo, Henry Ford dominava o setor automobilístico nos Estados Unidos, desfrutando o sucesso de sua produção em massa de carros pretos idênticos.

Nesse cenário entram em cena dois personagens muito importantes: Eiji Toyoda e Taiichi Ohno, dois japoneses da indústria Toyota que foram analisar de perto o bem-sucedido processo de produção de Ford. Quanto mais eles aprendiam sobre as técnicas da fábrica americana, mais eles tinham certeza de que o modelo seria um desastre na terra do sol nascente.

Eiji Toyoda e Taiichi Ohno voltaram ao seu país e começaram a desenvolver seu próprio método de fabricação para salvar a indústria automobilística. Devido às dificuldades da época, a fábrica precisava de produtos perfeitos e de baixo custo para satisfazer as necessidades dos clientes e garantir a sua sobrevivência. Assim, surgiu o modelo Just-in-time que, aliado ao conceito de Jidoka, se tornaram os pilares do Sistema Toyota de Produção.

O que é o Sistema Toyota de produção

O Sistema Toyota de Produção (TPS), também conhecido como Lean Manufacturing ou apenas Produção Enxuta, é uma filosofia que utiliza algumas ferramentas para aumentar a eficiência da produção por meio da eliminação de qualquer tipo de desperdício. Do espaço de trabalho ao faturamento da peça acabada, todas as etapas da cadeia produtiva são planejadas e orientadas para extirpar tudo que não agrega valor ao produto.

Os japoneses perceberam que no ocidente funcionava da seguinte forma: as fábricas produziam enormes quantidades, estocavam o material, depois esperavam as pessoas se interessarem pelos produtos para, finalmente, efetuarem seus pedidos. Eles encontraram muitas oportunidades de melhoria para esse organograma, então mudaram a maneira de gerenciar introduzindo a Produção Enxuta.

Ao invés de estipular a ordem de produção com base nos faturamentos anteriores, a Produção Enxuta libera a fabricação à medida em que os pedidos são realizados. Dessa forma, a indústria trabalha sempre com estoques mínimos, exigindo um fluxo produtivo muito eficiente e rápido para dar conta das entregas, além de evitar qualquer margem de erro para não perder tempo.

O mais importante da Manufatura Enxuta

O Lean Manufacturing busca a alta qualidade com o menor custo. Para isso, anula desperdícios, reduz falhas durante a fabricação, demanda menor esforço dos operários, ocupa menos espaço da fábrica, minimiza os estoques, reduz o investimento, diminui o tempo de planejamento e criação de novos produtos, reduz custos e aumenta a variedade de itens.

Como deu para perceber, a palavra de ordem é eliminar desperdícios! Mas quais desperdícios? Para ajudar a identificar esse mal dentro da sua indústria, o TPS identifica sete pontos importantes que devemos observar e estabelecer formas eficientes de otimizá-los.

Sete desperdícios para ficar bem longe da sua manufatura:

Excesso de produção – produzir mais do que o cliente precisa;

Tempo de espera – perder tempo sem poder trabalhar pelas máquinas com defeito, falta de funcionários ou de materiais;

Estoques – ocupar espaços da fábrica estocando materiais que não são utilizados, além do gasto com a manutenção do estoque;

Retrabalho e defeito – perder tempo e material com produtos irregulares;

Processamento impróprio – empregar esforços em atividades ou processos dispensáveis que não agregam valor ao produto ou ao cliente;

Movimentação – efetuar o deslocamento desnecessário de pessoas entre as etapas do processo de fabricação;

Tempo de deslocamento – realizar o transporte desnecessário de matéria-prima ou produtos entre fornecedores, clientes e toda a logística para que a entrega chegue no local certo.

Just-in-time: A base do Sistema Toyota de Produção

Em cada tarefa que desempenhamos durante o trabalho, podemos encontrar uma maneira de eliminar pequenos atrasos que roubam a produtividade, esse é o objetivo do TPS. Para isso, foram desenvolvidas algumas ferramentas como a que veremos agora: o modelo Just-in-time.

Aqui o lema é “produzir o que é necessário, no momento necessário e na quantidade necessária”. Em um fluxo contínuo, tudo o que se refere a montagem do produto entra para a linha de produção apenas no momento solicitado e na quantidade certa. No início, para gerenciar esse processo as etapas da cadeia produtiva eram marcadas por cartões, os chamados “kanban” – que nomeia outro princípio do TPS.

O Just-in-time aplica técnicas de melhoria nas áreas de gestão da produção, gestão da qualidade, organização física dos meios produtivos, engenharia de produto, organização do trabalho e gestão de recursos humanos.

Para conseguir melhorar a velocidade da produção, aumentar a qualidade e diminuir os preços com esse sistema, a indústria precisa ter alguns fatores bem estabelecidos que envolvem projetar a otimização dos processos, ter bom relacionamento com os clientes e incorporar no DNA da manufatura a incansável busca pela melhoria contínua.

Afinal, o que é Jidoka?

O segundo pilar do TPS é o Jidoka, que significa Automação do Processo Industrial. Enquanto o Just-in-time se preocupa em otimizar o processo, essa categoria do sistema concentra suas capacidades nos responsáveis pela parte prática: os funcionários e as máquinas.

A intenção é preparar e dar autonomia para os profissionais da fábrica interromperem a produção quando for identificada alguma irregularidade para consertar o defeito ainda durante o processo. É oposta à prática adotada anteriormente que dependia de inspetores específicos para analisar a qualidade da peça. Caso fosse encontrado algum defeito, seria consertado depois de concluída a última etapa.

Dessa forma, cada operário está comprometido em implantar efetivamente o sistema na indústria. O chão de fábrica é organizado de forma que o próprio equipamento sinalize quando há problemas técnicos. Assim, um colaborador pode resolver o problema imediatamente e evitar defeitos nas peças, garantindo a qualidade perfeita.

Passo a passo Jidoka:

Identificar o problema;

Parar imediatamente;

Corrigir com rapidez;

Entender o problema e realizar ações para que não se repita.

Será que funciona na sua indústria?

A metodologia da Produção Enxuta pode não ser a mais adequada para alguns setores específicos, como as indústrias que fabricam uma variedade muito grande de produtos. No entanto, os principais fundamentos do TPS podem ser perfeitamente inseridos no dia a dia da manufatura, como a eliminação de desperdícios.

O princípio é muito simples: observe o seu processo interno e questione quais são os pequenos hábitos rotineiros que não agregam valor ao seu produto. Talvez seja uma ferramenta, imprescindível para o trabalho de um operador de máquina que sempre fica guardada em um espaço distante do funcionário. Imagine o tempo que ele perde no deslocamento até o equipamento.

Outro exemplo: de acordo com o fluxo de produção, a peça precisa passar pelos setores 1, 2 e 3. Porém, o espaço de trabalho do setor 2 fica mais distante do 1, dificultando a locomoção do material entre os colaboradores. Detalhes aparentemente insignificantes fazem uma grande diferença no desempenho produtivo da sua indústria.

Resumo rápido para colocar em prática

Comece organizando a sua produção de grupos (como em células), com profissionais empenhados em iniciar e terminar um componente, antes de passar o produto para a próxima fase da linha de produção. É preciso que cada trabalhador tenha bem clara a sua responsabilidade em manter a qualidade do produto.

Lembre-se de eliminar desperdícios de cada setor da indústria – você vai se surpreender quando encontrar os vícios que corroem sua produtividade. Além disso, a relação com os fornecedores deve seguir a mesma lógica do sistema, lidando com pequenos lotes com recebimentos frequentes, no momento certo e hora certa.

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