De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, as sociedades familiares são as mais antigas formas de se organizar uma sociedade que se conhece. Seja pela proximidade, afetividade ou comunhão de objetivos, tende-se, na grande maioria das vezes, serem as próprias famílias as geradoras de empreendimentos mercantis. Além de toda essa boa relação que se tem, inicialmente, entre os sócios, ainda podemos acrescentar o fato de que os vínculos de afeto e confiança que fundam esse tipo societário são um atrativo para investidores, que vêem aqui uma janela para algo bem estruturado e próspero.
Busca-se a ratificação da sociedade com entes familiares, o que se conhece no direito empresarial como affectiosocietatis, ou seja, a vontade das pessoas em estabelecerem sociedade com outras previamente determinadas. Aqui, essa relação é fundada essencialmente sob os laços de parentesco, razão pela qual a entrada de terceiros estranhos a família não é vista com bons olhos.
Dado esse caráter pessoal da sociedade, Glauco diz que são inúmeras as dificuldades vivenciadas quando ocorre a morte do sócio fundador e se estabelece o processo sucessório. Conectada com as questões emocionais que surgem neste momento, a família pode, inconscientemente, prejudicar o bom andamento da empresa. Disputas de poder e herança, conflitos pessoais e, muitas vezes, interesses egoístas são extremamente prejudiciais à administração, atrasando ainda mais o processo sucessório e a definição da nova administração. Isso, nos dias atuais, de um mercado cada vez mais competitivo, pode ser um passo irreversível para o processo de decadência do empreendimento, chegando ao ponto mais melancólico de qualquer sociedade, que é a fadada falência.
Desta forma, destaca Glauco, uma das alternativas para a criação de uma administração mais profissional para esse tipo de sociedade é a constituição da chamada holding familiar. Com o objetivo precípuo de proteger e manter os interesses da família na empresa e ainda facilitar o processo sucessório, essa espécie de sociedade busca administrar os seus bens de maneira organizada e desvinculada das minúcias geradas pelas relações pessoais, fazendo com que o empreendimento fique de fora das questões familiares.