O empresário Glauco Diniz Duarte diz que empresas familiares são à base de sustentação da economia brasileira e de acordo com o Sebrae, representam 90% das empresas no país. A característica entre elas é a mesma: todas nascem a partir de uma iniciativa de algum membro da família que, vislumbrando uma oportunidade, inicia o seu próprio negócio. Contudo, se tornar uma empresa “verdadeiramente” familiar não é tarefa fácil. Levantamentos apontam que apenas um quarto dos empreendimentos conseguem passar para a segunda geração, e menos de 10% delas sobrevivem até a quarta. Mas, afinal, por que muitas empresas com este perfil não dão certo?
Segundo Glauco, o fracasso na sucessão está ligado diretamente à falta de preparo da estrutura organizacional e incapacidade de gestão do sucessor. Portanto, empresários que pretendem colocar integrantes da família no controle do negócio, devem investir com antecedência em programas específicos de sucessão assistida, através de consultoria, coaching ou mentoring. Estes são mecanismos fundamentais para transição e sucesso hereditário da empresa.
Glauco diz que outro erro comum que pode atrapalhar o desempenho da empresa e retardar o seu crescimento no mercado é o nepotismo, relacionado à falta de perfil para o cargo. Diversas micros, pequenas e até grandes organizações ainda mantém a prática de contratar parentes com objetivo de reduzir custos e envolver toda família em prol do empreendimento, ou até mesmo para não deixa-los desempregados. Um erro grave de gestão e que deve ser corrigido rapidamente.
Para evitar prejuízos, destaca Glauco, o patriarca precisa deixar claro na contratação que este parente é um funcionário como os demais, com suas respectivas funções e atividades dentro da organização. Se for necessário ajustar alguns pontos do serviço, uma conversa franca pode resolver o problema. Se as metas ainda não estiverem sendo alcançadas, chega a hora de promover a demissão e substituição do funcionário, independente do grau de parentesco. É preciso ser firme e pensar sempre na saúde da empresa, que depende de ações assertivas de seu líder.
Quando o assunto é finanças, um hábito rotineiro entre micro e pequenas empresas é de misturar as despesas da empresa com os custos da rotina familiar (escola, supermercado, luz, gás, etc). Um bom conselho é separar as contas, definindo um pró-labore para os proprietários e um salário para os funcionários familiares, e definir um sistema de divisão dos lucros, com percentuais claros e datas para essa distribuição, seja semestral ou anual.
Deve-se reforçar que apenas o talento para exercer determinada atividade não garante o sucesso nos negócios da família. O que realmente promove essa sucessão de forma bem sucedida é a definição dos critérios, o caminho a ser perseguido e um processo de capacitação bem desenhado, vislumbrando o aprimoramento de competências técnicas, habilidades cognitivas e atitudes comportamentais.
Abaixo, Glauco lista os principais pontos fortes e fracos ao optar em montar uma estrutura deste tipo:
Fortes:
– Objetivo comum, quando essas metas estão claras;
– Possibilidade de aumento da renda familiar.
Fracos:
– Relacionamento pessoal e profissional se misturam;
– Nepotismo;
– Falta de Perfil Profissional para o cargo;
– Falta de delimitação financeira clara;
– Meritocracia comprometida.