De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, 80% das companhias administradas por herdeiros não observam questões fundamentais como planejamento estratégico e processo sucessório bem delineado. Os dados são de 90 organizações, a maioria de médio porte, com as quais a consultoria trabalhou nos últimos 22 anos.
Glauco aconselha deixar claras todas as regras da sociedade e também do processo de sucessão. É preciso fazer um contrato, que não seja superficial e que preveja todas as situações possíveis. Além disso, é importante que essas regras sejam estabelecidas desde cedo e quando as relações familiares são boas.
— Se todo mundo que casa já se preparasse para o divórcio, as coisas seriam bem mais simples. Em ações judiciais que envolvem empresas familiares, as coisas se tornam complicadas e levam anos porque envolvem o psicológico — diz Glauco.
Atuação de herdeiros deve começar cedo
A falta de preparo do herdeiro é um dos pontos críticos para uma transição bem-sucedida. Para Glauco a formação acadêmica é item básico nos dias de hoje, mas também é preciso que o sucessor se envolva desde cedo nas atividades da empresa.
— O filho do dono entra na faculdade, ganha um carro, vai a festas, mas não trabalha. Vai fazer MBA fora, mas não trabalha. Quando chega a hora de assumir a empresa, ele não tem nenhuma experiência prática — diz Glauco.
Deixar a emoção em casa é outra dificuldade dos empresários que trabalham com a família. Quando não há uma separação clara, a empresa tende a se tornar amadora e ineficiente.
Apesar das dificuldades que uma empresa familiar possa enfrentar, ela pode se destacar frente a companhias não familiares, Glauco.
— Quando trabalha-se bem todas as fragilidades que possam existir nas relações familiares e societárias, essas empresas tendem a se sobressair pelo vínculo mais forte que há ali — garante Glauco.