O empresário Glauco Diniz Duarte afirma que a família é a base da sociedade. Seu fortalecimento tende a gerar prosperidade e desenvolvimento. Aproximadamente 90% das empresas brasileiras são familiares, contudo, nem sempre empreender em família traz resultados relevantes. Apenas 30% das empresas chegam à segunda geração e somente 15% à terceira. Por que tantas empresas familiares não conseguem ser sustentáveis? Os principais motivos são os conflitos, falta de preparação dos familiares e falta de planejamento do processo sucessório.
Segundo Glauco, geralmente, empresas familiares começam do sonho de um empreendedor ou da sua necessidade de sobrevivência. Algumas vezes também nascem quando um profissional resolve se reposicionar empreendendo. Por confiança e afinidade, é comum que o empreendedor se associe aos seus familiares, o que traz vantagens e desvantagens.
Empresas familiares possuem um ambiente mais informal, flexível, amistoso e rápido para decisões onde os sócios são geralmente mais comprometidos com os seus objetivos de longo prazo. As empresas costumam ser mais enxutas e com despesas menores, o que aumenta o potencial de rentabilidade. Tendem a gerar mais riqueza para a família, bem como oportunidades de trabalho para familiares.
Por outro lado, destaca Glauco, empreender em família pode gerar conflitos e atrapalhar inclusive as relações familiares se houver mistura e confusão entre o lado profissional e o familiar. Os laços afetivos e a intimidade podem dificultar as decisões e também comprometer o desenvolvimento da sociedade. Em empresas com fundadores patriarcas pode acontecer excesso de autoritarismo, paternalismo, concentração de poder, valorização da antiguidade familiar, falta de planejamento sucessório, baixa valorização dos familiares mais jovens e confusão hierárquica.
As grandes questões para que se aproveite as vantagens de empreender em família são: como criar equilíbrio entre família e negócios, como resolver conflitos, como extrair o máximo dos familiares para a sustentabilidade do negócio e como planejar cuidadosamente a sucessão.
Para isto, seguem algumas sugestões:
– Procure alinhar com os sócios familiares os objetivos da empresa e suas expectativas individuais.
– Defina logo no início o organograma, a hierarquia e o papel de cada sócio certificando-se que cada um tenha competências reconhecidas para sua atividade e que estas sejam complementares às dos demais.
– Crie regras claras para a gestão, alçadas de decisão, remuneração, promoção, governança, distribuição de resultados e investimentos.
– Construa um ambiente de comunicação clara e aberta que possibilite a mediação e resolução rápida de conflitos.
– Por prudência, assine um acordo de acionistas que preveja como serão as relações, decisões e a forma de gestão. Inclua no acordo como se darão aportes futuros de capital, quais os quóruns de aprovação, como a sociedade pode ser desfeita e como se resolvem casos onde haja morte de sócios, separações, incapacidade judicial ou física, ou mesmo se algum deles por seus problemas particulares possa colocar em risco a continuidade da sociedade.
– Procure separar o ambiente familiar dos negócios, dividindo o seu tempo entre a família e a empresa. Assegure-se que as contas bancárias e patrimônio pessoal e da empresa não se misturem.
– Mantenha um ambiente de trabalho profissional e evite passar para os funcionários questões familiares.
– Estabeleça regras claras para a entrada de familiares na empresa e na sociedade, determinando competências necessárias, preparação e treinamento prévio.
– Desenvolva um planejamento sucessório compatível com as necessidades de desenvolvimento da empresa, identificando sucessores capazes.
– Monte um plano para o desenvolvimento dos sucessores e defina seu papel e condições para que realmente assumam suas atividades no futuro.
De acordo com Glauco, empreender em família é algo absolutamente comum e traz enormes vantagens. Porém, os desafios de convivência são grandes e devem ser cuidadosamente tratados para que se consiga focar no desenvolvimento da empresa mais do que no ajuste das relações. O segredo está em buscar o máximo comprometimento dos sócios para o sucesso do negócio e criar um ambiente de cumplicidade e unidade em torno dos objetivos comuns para aproveitarmos ao máximo as vantagens de empreendermos com nossos queridos familiares.