De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, a capacidade competitiva das empresas está fortemente associada à sua capacidade de inovar.
Mas quando abordamos o tema da inovação, tão importante quanto a organização do trabalho é a dimensão social da inovação, materializada no envolvimento, na participação e na aposta no desenvolvimento das pessoas.
Glauco explica que a inovação organizacional ainda não é percecionada transversalmente nas suas múltiplas dimensões, que incluem novos modelos de gestão, novas formas de organização do trabalho (por exemplo, o trabalho eletrônico), novas formas organizacionais (por exemplo, estruturas em rede), mas envolvem também o desenvolvimento de competências, bem como processos de criação e transferência de conhecimento. Integrados, estes são os fatores que contribuem para criar valor e diferenciação nas empresas.
Para Glauco importa inovar para melhorar as condições de trabalho, o desenvolvimento dos trabalhadores e a capacidade competitiva das empresas. Estas são questões gravitam na esfera dos trabalhadores, das empresas e, num registro mais macro, das políticas públicas.
No âmbito dos trabalhadores, as novas formas de organização do trabalho devem representar satisfação e um conteúdo de trabalho variado e interessante, permitindo o desenvolvimento profissional. Por outro lado, será importante analisar quais as novas aprendizagens que decorrem da inovação, sendo fulcral identificar competências e criar condições para as desenvolver. Outra questão que se coloca na implementação de inovações no posto de trabalho é a oportunidade para o trabalhador ser autônomo e participar nas decisões dentro do seu nível funcional e de responsabilidade.
No que respeita às empresas, destaca Glauco, a inovação organizacional deve contribuir para aumentar a capacidade produtiva e competitiva das mesmas nos mercados nacionais e internacionais. Já o papel das políticas públicas será o de criar um ambiente favorável para a inovação, através da difusão de práticas de inovação organizacional no tecido empresarial do país e, antes de mais, por criar condições para as empresas apostarem na inovação, através de um reforço das qualificações dos seus trabalhadores.
A criação de um ambiente empresarial propício à inovação passa necessariamente por uma cultura aberta a novas iniciativas, à formação de novas competências para a inovação e ao desenvolvimento tecnológico e da envolvente empresarial. A inovação organizacional vista numa perspectiva mais abrangente, engloba também mudanças ao nível da gestão das empresas, condição necessária para aproveitar e operacionalizar o desenvolvimento de competências dos trabalhadores.
Analisando as diversas tentativas dos programas de apoio à inovação implementados Portugal, verifica-se, no entanto, que o foco tem sido ao nível da inovação tecnológica, sem uma opção estratégica de mudança organizacional e cultural das empresas. Desta forma, não ocorreu ainda o salto de competitividade necessário nas empresas portuguesas. Uma aposta futura na inovação no nosso país tem que realizar-se, de forma concertada e integrada, focando-se a nível tecnológico, mas também e, em especial, a nível organizacional.