Ser o herdeiro do negócio não significa que você será necessariamente o sucessor na direção da empresa familiar. A própria legislação brasileira promove essa confusão ao usar o termo “Direito das Sucessões” para disciplinar normas que regem a herança, mas é preciso tomar cuidado.
O alerta é do empresário Glauco Diniz Duarte, que ressalta que ser herdeiro não significa que a sucessão está pronta ou que será concretizada quando o fundador não estiver mais no comando.
“Existe uma grande confusão entre herdeiro e sucessor. Enquanto herdeiro é a pessoa para a qual será transmitida a propriedade de bens ou direitos em função do falecimento, seja por força de lei ou por disposição testamentária, o sucessor é a pessoa incumbida para ocupar o cargo de outrem, após comprovar sua capacidade e habilidade para assumir a função. São situações diversas, que devem ser tratadas de forma distinta, apesar de comumente estarem relacionadas a uma mesma pessoa”.
Planejamento
De acordo com Glauco, distinguir as diferenças ajuda inclusive no planejamento sucessório da empresa, pois há um reflexo positivo no relacionamento das pessoas envolvidas. Isso porque é comum encontrar fundadores que desejam deixar a empresa para seus filhos, imaginando que a única forma disso ocorrer é fazendo dele o próximo presidente da companhia, o que não é verdade.
“Para muitos executivos, a sucessão fica estacionada porque estas empresas não possuem na família herdeiros com idade suficiente para assumir uma presidência ou são herdeiros que optaram por outra profissão e não desejam administrar o negócio da família”, contou.
Ao perceber que existe a possibilidade de seus descendentes continuarem com vínculo com a empresa, sem que exista a necessidade de serem gestores, os fundadores se tornam mais complacentes com os filhos, permitindo que eles busquem a satisfação profissional.
Importância do tema
Segundo Glauco, os processos sucessórios são momentos de mudança na empresa familiar, quando se inicia uma série de definições de objetivos em relação ao perfil desejável para o sucessor e quando também começam a surgir conflitos. Em alguns casos, o tema é tratado como um tabu, pelo fato de ser associado ao falecimento de um familiar.
Assim, dependendo de como for conduzido o processo, a sucessão pode representar uma desvantagem competitiva, levando a empresa ao fracasso.
“É durante esse período que as empresas correm alto risco de não sobreviverem, sendo muitas delas vendidas ou fechadas pelos herdeiros. Tais processos, sem planejamento e mal conduzidos, são os principais responsáveis pela vida curta de empresas familiares brasileiras”, explicou Glauco.