Seu negócio é uma oportunidade de deixar um marco positivo no mundo, e a verdade é que uma sucessão pode acontecer a qualquer momento, por diversos motivos – uma mudança de perspectiva, a conquista de novas oportunidades…
De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, quaisquer que sejam seus planos, espera-se que sua empresa dure para sempre, mas há uma condição primordial para isso acontecer: que o comando dela seja sempre renovado.
A sucessão empresarial é um processo natural, que exige bastante cuidado, inteligência e um planejamento estratégico, mas é possível realiza-la sem traumas.
A sucessão começa muito antes
Glauco afirma que é preciso iniciar o trabalho de sucessão muito antes do momento da troca de comando.
A diretoria precisa gerenciar o processo e realizar uma tomada de decisão preventiva, visando compreender os desafios que a nova gestão irá encarar.
Glauco explica que um bom primeiro passo para diminuir as dificuldades da sucessão é compreender o que, dentro da empresa, deve ser perpetuado – os valores, a marca, a missão… – ainda assim, admitindo que mudanças podem ser positivas, quando bem conduzidas.
O que os fundadores devem fazer ao deixar o cargo é garantir que o bom trabalho realizado tenha continuidade.
Anunciar uma troca de diretores do dia para a noite, ou sem o estudo necessário, pode acarretar muitos problemas para a imagem da companhia.
No caso de empresas de capital aberto, por exemplo, este tipo de notícia é capaz de fazer as ações despencarem.
Nesse caso, um bom trabalho de relações públicas pode ser necessário. É importante garantir que tanto a administração atual quanto o sucessor demonstrem confiança na passagem de bastão.
Tão importante quanto isso, destaca Glauco, é olhar para dentro: os colaboradores precisam sentir a mesma tranquilidade na decisão para atribuir a imagem de líder a uma nova pessoa.
Tenha certeza de que todos os funcionários saibam tudo o que acontece em primeira mão, sejam ouvidos e tenham suas dúvidas tiradas sobre a sucessão.
E no caso da sucessão familiar?
É comum que os fundadores tenham dificuldade em se desligar de seus cargos, ou que, dentro da estrutura familiar, selecionem-se os sucessores.
Existem casos de empresas familiares que vivenciam dificuldades em manter a estabilidade dos negócios após a saída dos fundadores, muito por causa de dificuldades importadas da mesa de jantar para a mesa da diretoria.
É preciso levar em conta que a escolha dos novos administradores deve ser baseada em critérios que premiem a eficiência, o conhecimento e o empenho em levar a empresa adiante.
É preciso separar muito bem pessoal de profissional para um processo de sucessão dar certo. Além disso, é sempre melhor quando ele é gradual e transparente.
Dentro da função de gestor que está prestes a se ausentar de seu cargo, o empreendedor deve deixar claro, a todos os envolvidos, os critérios utilizados na decisão do sucessor e escutar interessados, dentro ou fora da família.
Isso também o ajuda a se desprender aos poucos de suas funções, tendo clareza dos motivos que levaram à sucessão e um cuidado especial com as estratégias a serem seguidas.
Assim, o sucessor também não é sobrecarregado e chega mais preparado para assumir seu cargo.
Tempo, preparo e seriedade
Diante deste cenário, o treinamento prévio dos sucessores é o mínimo para evitar dificuldades na posse.
Para Glauco um trabalho de convivência entre novos e antigos gestores em um processo de gradual troca de comandos fazem do processo algo menos traumático e mais proveitoso para a estrutura da empresa.
A gestão de conhecimento nessa historia toda é crucial. Em muitos casos, o líder e seu sucessor passam meses trabalhando juntos em um processo de transição.
Um novo presidente ou diretor precisa ser apresentado a todos os contatos chave, estar por dentro das principais parcerias ou negociações, participar de reuniões mais estratégicas e começar a liderar pessoas e botar a mão na massa sendo assistido, para ter espaço para receber feedbacks diretamente de seu antecessor.
Independentemente do porte da companhia, é necessário levar o tema muito a sério e com o preparo que é exigido para este tipo de processo, pois a imagem construída ao longo dos anos por uma empresa pode ser destruída com qualquer movimento errado.
E essa imagem é tanto externa quanto interna. Ela vale para os clientes externos, aqueles que pagam por seus produtos/serviços, e para os clientes internos, aqueles que fazem sua empresa acontecer: seus funcionários merecem uma atenção extra nesse processo, que tem base na confiança.
Não é preciso pensar a sucessão empresarial como o fim de uma era, pois o preparo para encarar os novos desafios faz com que o foco não seja o passado, e sim o futuro promissor que a nova gestão tem pela frente.