Glauco Diniz Duarte Diretor – Porque motor diesel dura mais
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, o motor é o coração de um carro. Mais que isso, ele é a alma da máquina. Graças a ele, você pode afundar o pé no acelerador e ir de 0 a 100 km/h em menos de 4 segundos em alguns casos – e essa é uma das sensações mais incríveis que um automóvel pode proporcionar.
Escondido sob o capô, o propulsor é uma obra genial da engenharia que está presente em nosso dia a dia. De dois ou quatro tempos, com um ou 12 cilindros: nós amamos os motores.
A maioria esmagadora deles são a combustão interna. Como o nome diz, a queima de combustível é feita internamente, transformando energia térmica em energia mecânica. Existem tipos diferentes, como Ciclo Otto – gasolina, etanol ou flex -, e Ciclo Diesel. Para entender exatamente como funciona um motor, é preciso destrinchá-lo e observar a função de cada parte.
Por isso, antes de tudo, vamos conhecer as principais peças de um motor a combustão:
Bloco
É a maior parte do conjunto e sustenta todos os outros componentes. Sua composição pode ser feita de ferro fundido ou alumínio.
O bloco determina a disposição (“em linha”, “em V”, “cilindros opostos” – boxer -, “rotativo” – Wankel) e número dos cilindros (1, 2, 3, 4, 5, 6, 8, 10, 12, 16) – onde ocorre a combustão. O bloco também possui câmaras de lubrificação e arrefecimento – a água ou a ar, dependendo da aplicação.
Dentro do bloco, os componentes mais importantes são os pistões, bielas e virabrequim.
Pistão
É o responsável pelo movimento de expansão e compressão dos gases. Tem formato aproximadamente cilíndrico (acreditem, ele não é cilíndrico) e sua composição é de ligas de alumínio.
Pode ser de cabeça reta, no caso de motores de ciclo Otto, ou com câmara de combustão em seu topo (ciclo Diesel). Ao seu redor há dois tipos de anel: o de vedação e os de lubrificação. O pistão é interligado à biela através de um pino central.
Biela
A parte que liga o pistão ao virabrequim. Utiliza em sua composição aço forjado. É dividida em três partes: cabeça, corpo e pé, sendo que a cabeça está ligada ao pistão por meio do pino e o pé está ligado ao virabrequim mediante um material antifricção chamado de bronzina.
Virabrequim
Também chamado de árvore de manivelas, é composto por aço forjado ou fundido. É formado por dois tipos de mancais: “excêntricos”, ligados às bielas, e “de centro”, que sustentam o virabrequim ao bloco. Também são chamados de “colo de biela” e “colo de mancal” no meio de oficinas e retíficas de motores.
Tem a função de depósito para o óleo lubrificante do motor, localizado na parte inferior do bloco. Normalmente é composto de chapa dura prensada.
Há também modelos que utilizam cárter seco, que não fica acoplado ao bloco. Nesses casos, o lubrificante é armazenado em um reservatório à parte, que leva o óleo até o motor por meio de uma bomba de pressão. Normalmente, motores de alta performance são equipados com esse tipe de cárter – o motor Fivetech do Fiat Marea, tem cárter seco.
Cabeçote
O cabeçote controla a passagem de ar e combustível para dentro dos cilindros. Fica localizado na parte superior do bloco e é acoplado com o uso de parafusos ou prisioneiros, sempre com uma junta entre as peças. Normalmente é composto pelo mesmo material do bloco.
Dentro do cabeçote ficam as válvulas de escape e admissão. O acionamento das válvulas é feito pelo comando, um eixo com elevações que fazem o movimento sincronizado das válvulas. O movimento do virabrequim é transmitido pelo eixo de comando de válvulas por meio de engrenagens e correias – normalmente a correia dentada.
Na maioria dos casos, no entanto, o comando fica no cabeçote mesmo. Ele pode ser simples (SOHC – sigla para Single Overhead Cam, normalmente para motores com 2 válvulas por cilindro) ou duplo (DOHC, Double Overhead Cam, para motores com 4 válvulas por cilindro).
Em motores mais modernos, existe também a transmissão por corrente, que substitui a correia dentada e tem vida útil maior, exigindo a troca com, no mínimo, 100 mil quilômetros. Há ainda o comando acoplado ao bloco (OHV – sigla para Overhead Valve), mas o uso desse tipo já é raro em motores modernos.
Exceção
Quebrando um pouco a regra dos modelos citados acima, existem modelos SOHC com 4 válvulas por cilindro, caso do Honda Civic 1.8 16V, por exemplo. Como também existem modelos DOHC com 2 válvulas por cilindro, como o 2.0 8V que equipa os Fiat Tipo e Tempra 2.0.
Agora que entendemos as partes brutas que compõem o motor, em nosso próximo artigo partiremos para o conceito de cilindrada e como o conjunto funciona.