GLAUCO DINIZ DUARTE – Sistema Toyota de Produção: uma das maiores revoluções da Administração
Quando nos anos de 1950 a administração da produção finalmente se tornou uma ciência social aplicada, talvez nem mesmo seus próprios idealizadores imaginassem que após conseguirem esta posição para a mesma, ainda haveria uma inovação no que concerne a a função produção, que mudaria radicalmente todo o paradigma já criado anteriormente e tido como modelo “correto” de operações produtivas.
Entra aqui o modelo de Administração japonesa, produção enxuta, just-in-time ou STP – Sistema Toyota de Produção (título engendrado em virtude dos mesmos terem sido os criadores/precursores dos princípios que o formam).
Em 1950 a economia japonesa estava seriamente debilitada e a Toyota Motor Corporation “[…] tinha um programa de produção de 1.000 carros por mês. Se fabricasse mais, não conseguiria vender” (MAXIMIANO, 2010, p. 41).
Diante desse quadro, industriais japoneses como Eiji Toyoda, Taiichi Ohno, Shigeo Shingo e o Professor americano Edward Deming começaram a trabalhar em cima de melhorias dentro do próprio sistema de produção a fim de mudarem o cenário de fracasso da Toyota que naquele momento, era iminente.
Vale ressaltar que os asiáticos, num primeiro momento, procuraram observar a metodologia de produção das fábricas de Henry Ford. Segundo Paiva, Carvalho Jr. e Fensterseifer (2009) Eiji Toyoda e Taiichi Ohno efetuaram diversas visitas às instalações americanas da Ford; contudo, perceberam que a estratégia adotada pelo industrial norte-americano jamais funcionaria na Toyota, afinal, os motivos eram diversos:
[1] Mercado japonês limitado e segmentado. Havia a necessidade de produzir uma grande variedade de produtos em baixa escala.
[2] Força de trabalho constituída por nativos que jamais se submeteriam a ser tratados como engrenagem do sistema, situação diferente de Ford, que empregava imigrantes que chegavam aos E.U.A sem referencial e dispostos a qualquer sacrifício por um emprego.
[3] Novas leis trabalhistas mais rígidas impostas pelos aliados, restringindo o direito das empresas de demitirem.
[4] Incapacidade financeira de adquirir tecnologias de processos avançados de produção em massa. (PAIVA; LAUREANO; FENSTERSEIFER, 2009, p. 36)
Ainda sobre o modelo japonês de administração “[…] é uma combinação dos princípios e técnicas da qualidade total, da administração científica e das tradições culturais japonesas” (MAXIMIANO, 2010, p. 41).
Frente a esse cenário totalmente distinto onde se encontrava a Toyota, seus executivos desenvolveram um modelo de administração composto por diversos princípios/práticas que atualmente se tornaram imprescindíveis em qualquer sistema de produção; em resumo, alguns autores os mencionam de distintas formas que, na verdade, se estudando com maior acurácia, descobre-se tratar-se da mesma coisa.
Para Paiva, Carvalho Jr. e Fensterseifer (2009) o modelo de administração japonesa se baseia em um modelo “forte” de sistema de controle e planejamento de produção; comunicação linear no interior da gerencia; grupos resolvem os problemas que surgem na produção; empregados extremamente treinados e comprometidos e uma melhor utilização das velhas e novas tecnologias.
Maximiano (2010) é curto e objetivo citando a eliminação de desperdícios, a produção com qualidade e a produção enxuta. Já Slack, Chambers e Johnston (2009) entram mais a fundo, discorrendo sobre diversas práticas como just-in-time, heijunka, kanban, nagare e jidoka.