GLAUCO DINIZ DUARTE – O que é o intercooler de um carro?
O intercooler é provavelmente um dos componentes mais desvalorizado quando alguém gaba as qualidades do seu automóvel sobrealimentado, i.e., equipado com um turbocompressor. Mas se é verdade que é este mecanismo que, ao aproveitar os gases de escape, gerados no motor, permite bombear ar extra para os cilindros, muito do comportamento do carro, quer em termos dinâmicos quer de eficiência, depende de uma peça denominada de intercooler.
Quando em 1893, o sr. Diesel patenteou o motor de ignição por compressão, em que a combustão se dá pelo aumento da temperatura provocado pela compressão do ar, mal imaginava as exigências que a sua invenção ainda iria enfrentar. É que, sendo muitos económicos, os motores Diesel eram também muito molengões. Por isso, muito rapidamente surgiram soluções: em 1905, o suíço Alfred Büchi registou a patente do primeiro turbocompressor, tendo este sido aplicado pela primeira vez durante a década de 1920 – ainda que não no automóvel do dia-a-dia. No que diz respeito a veículos de produção em série, o primeiro turbodiesel a ser comercializado na Europa foi o Peugeot 604, já no fim da década de 1970. O 2.3 litros TD com 80 cv provou ser um motor de confiança, mas, inicialmente, com um problema que tornava o dia-a-dia dos seus proprietários uma dor de cabeça. O arranque com as temperaturas frias dos países mais a norte era muito difícil, o que levava a que muitos dos condutores procurassem deixá-los estacionados em descidas.
O papel do intercooler
De dimensões variadas e localizado entre o coletor de escape e o motor, o intercooler é muito semelhante a um comum radiador para arrefecer a água do motor, só que em vez de controlar a temperatura da água, arrefece o ar proveniente dos gases de escape e comprimido pelo turbo antes de este entrar nos cilindros. O arrefecimento torna o ar mais denso, permitindo assim uma admissão superior de combustível, potenciando tanto a potência como o binário.
Por outras palavras, imagine-se um recipiente cheio de algodão onde queremos também colocar areia. Caso despejemos a areia para cima do algodão, sem interferir com a densidade daquele, a mesma irá ocupar apenas os pequenos espaços livres. Mas se apertarmos o algodão, conseguiremos transportar mais areia utilizando exatamente o mesmo espaço.
O mesmo princípio é aplicado à relação entre o ar e o combustível que é fixa – a gasolina é comum encontrar relações de 13,3:1; no motor Diesel, de 15,2:1. Ou seja, neste último exemplo, para cada 15,2 partes de ar é injetada uma parte de gasóleo. Assim, quanto maior for o volume do ar no cilindro, menos combustível será injetado.
Ora, tendo em conta que o turbo aproveita a energia dos gases de escape, comprimindo-os, é certo que o ar saído da turbina será naturalmente quente. E a densidade de ar quente é inferior à mesma do ar frio (o calor expande; o frio contrai). Daí que o papel do intercooler seja fundamental para recuperar a densidade do ar, antes do mesmo ser bombeado para os cilindros.
