GLAUCO DINIZ DUARTE – Carro a diesel ou a gasolina? Veja como escolher
Carro a diesel ou a gasolina? Veja como escolher. Na última semana, a montadora japonesa Toyota lançou o SUV Hilux SW4 com propulsores a gasolina. O modelo, que desde 2001 era fabricado apenas na configuração a diesel, reascende uma discussão: qual motorização vale mais a pena?
Segundo os especialistas consultados pelo G1, o primeiro passo é avaliar o uso que se fará do veículo. Modelos a diesel, por exemplo, são destinados a pessoas que não trocam de carro todo ano, viajam frequentemente e percorrem grandes distâncias, como fazendeiros, por exemplo. É dirigido também ao público que não abre mão de torque, durabilidade, robustez e valorização.
“Durante uma pesquisa descobrimos, por exemplo, que em Fortaleza (CE), as pessoas costumam atravessar as dunas aos sábados para chegar à Praia de Jericoacoara. Como isso exige muito do motor, esse motorista vai precisar de mais torque. Portanto, neste caso, recomendamos um carro a diesel”, explica Júlio Vitti, gerente de planejamento de preço e produtos da Toyota.
Já o veículo a gasolina é voltado àqueles que vivem em áreas metropolitanas, como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba e utilizam o carro para fazer pequenas viagens dentro da própria cidade, sem passar por terrenos muito acidentados. Esse perfil preza performance, aceleração, retomadas suaves e baixo nível de ruído.
“Muitos clientes que compram um SUV a gasolina vêm de sedãs de luxo e estão acostumados com conforto e silêncio. Portanto, não querem pagar a mais por um carro com nível maior de ruído. Além disso, como o motor a diesel é muito resistente, é alvo fácil de assaltantes e isso torna o seguro dele mais alto”, diz Vitti.
Para Ricardo Bock, professor de Engenharia Mecânica Automobilística da FEI, as principais vantagens do motor a diesel são simplicidade, confiabilidade e durabilidade. “Devido às características geométricas internas do motor, é possível gerar bastante torque e potência a baixas rotações. Isso faz com que o motor seja, normalmente, mais resistente, já que a fadiga demora mais para acontecer”, explica.
Mas para aproveitar essa durabilidade, Bock ressalta a importância da manutenção. “Partes do carro como sistema de filtragem de óleo e bombas injetoras precisam ser muito bem cuidadas. É daí que surge a necessidade de procurar uma oficina com mecânicos especializados em carros a diesel”, diz.
Mas apesar de, na opinião do professor, cidades como São Paulo estarem se transformando em “circuitos off road urbanos”, os SUVs a diesel vendidos por aqui ainda têm muito o que melhorar. “Na Europa, veículos de passeio a diesel que, por causa de uma lei criada em 1976, são proibidos de circular por aqui, são muito mais desenvolvidos, já que há um esforço para reduzir o tamanho das explosões”, diz.
Renato Romio, professor da área de divisão de motores e veículos do Centro de Pesquisa do Instituto Mauá de Tecnologia, discorda. Segundo ele, os carros a diesel vendidos no Brasil já se comportam como um carro a gasolina. “Existem carros da nova geração excelentes. Além disso, como as normas brasileiras são bem similares às do exterior, a maioria dos SUVs atendem às normas de ruído”, argumenta.
Relação custo X benefício
Um carro a diesel chega a custar entre 20% e 30% a mais do que um carro a gasolina. O seguro também é mais caro devido ao maior índice de roubo. Por outro lado, o preço do litro é, em geral, mais em conta e a valorização mais alta na hora da revenda.
Para calcular a relação custo-benefício, o G1 pediu ao economista Alexandre Lignos, consultor da IGF, para usar como exemplo o Chevrolet S10, disponível a gasolina a partir de R$ 46.077 e a diesel, por R$ 66.759. A diferença no valor do veículo neste caso é de R$ 20.682.
Para fazer os cálculos, Lignos desconsidera gastos com manutenção, depreciação do veículo ou valor de aceitação de mercado. No entanto, leva em conta itens como IPVA, seguro e consumo tanto na estrada (15,5 km/l a diesel e 11,5 km/l a gasolina), como na cidade (12,4 km/l a diesel e 8,9 km/l a gasolina).
Consideramos também uma média de consumo de 15 mil km por ano e a média de preço da gasolina (R$ 2,392) e do diesel (R$ 2,111) na cidade de São Paulo, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo.
Gastos
Imaginando que, em um ano, o motorista rode 70% na cidade e 30% na estrada, as conclusões são as seguintes:
– O gasto seria de R$ 2.196,12 com gasolina e R$ 1.197, 32 com diesel, – uma diferença de R$ 1.197,32 por ano, ou seja, R$ 99,78 por mês.
– Lignos também conclui que, para compensar a diferença de preço, o dono do carro precisará de 20,74 anos de uso.
– Se a intenção é ficar apenas um ano com o carro, seria necessário rodar 88.362,88 km por ano ou 7.363,57 km por mês
– Caso a diferença de preço fosse aplicada levando em conta a taxa de juros, em 20,74 anos o dono do veículo teria R$ 156.993,36 guardados.
Portanto, a dica dos especialistas é levar em conta não só o uso que será feito do veículo como a diferença de preço, seguro, IPVA, valorização e manutenção. Vale também fazer um test drive para que o ruído do motor não martele por anos a fio na sua consciência.