De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, o gerenciamento de uma empresa sempre apresenta contratempos, mas quando falamos na administração de uma empresa familiar, o cenário é bem específico. Esse tipo de organização costuma ter dificuldades bastante parecidas entre si, mas que precisam ser ajustadas para evitar que o negócio acabe falindo ou precise ser vendido para outro grupo empresarial.
Glauco lista abaixo os 10 erros mais comuns na administração de uma empresa familiar e como superá-los.
Confira!
1. Regras não definidas
Geralmente, as empresas familiares são iniciadas por uma ou duas pessoas, que acabam centralizando as informações e as decisões e não estabelecem processos e regras. Apesar de ser bastante comum, este é um problema que precisa ser evitado.
O mais indicado é que sejam definidas regras de atuação, convivência e tomada de decisão, evitando conflitos entre os familiares que gerenciam o negócio. Essa atitude também ajuda a manter bem equilibrada a relação entre família e empresa.
2. Contas pessoais x contas empresariais
Você já ouviu falar em pró-labore? Esse é o valor que será recebido pelos sócios da empresa a título de remuneração. No entanto, em negócios familiares, é comum não definir o valor do pró-labore e retirar dinheiro do caixa conforme surge a necessidade.
Apesar de a empresa ser da família, não é recomendado que qualquer pessoa possa retirar dinheiro do caixa. Por isso, deve-se definir o pró-labore ou uma retirada por mês, deixando bem separadas as contas da empresa e as pessoais.
3. Nepotismo
Muitas vezes, fala-se em nepotismo na política, mas ele também é bastante comum em empresas familiares. O parente não pode ganhar o emprego apenas por ser da família, mas sim competir com outros colaboradores e candidatos à vaga pretendida.
Além disso, não se deve privilegiar os cargos de direção para pessoas da família. O ideal é que todos tenham a oportunidade de crescer, inclusive os familiares, conforme os seus conhecimentos e desempenho na organização.
4. Sucessão
A sucessão costuma ser um momento crítico para a empresa familiar, podendo ocasionar, inclusive, a falência ou a venda da empresa. Isso ocorre devido a diversos fatores.
O primeiro deles reside no fato de o fundador imprimir muito de suas características pessoais e forma de trabalho, fazendo com que a empresa tenha determinado tipo de cultura. Com o afastamento dele, a organização pode acabar perdendo a identidade.
Outro problema crucial é que nem sempre os sucessores estão preparados para assumir a direção da empresa. Novamente, é preciso evitar atitudes próximas ao nepotismo, porque isso também implica em problemas na sucessão.
O ideal, portanto, é que a sucessão seja planejada, evitando que o negócio sofra prejuízos.
5. Falta de experiência
Muitas pessoas querem abrir o negócio próprio, mas não entendem nada sobre ele nem pesquisam sobre o assunto. No caso das empresas familiares, a confiança de que se terá a ajuda de pessoas conhecidas acaba reduzindo a importância da falta de experiência ― o que é um erro que pode ocasionar prejuízos.
Deve-se, primeiramente, pesquisar como o negócio funciona, como é o mercado, quais são os concorrentes, quais os pontos a serem explorados, entre outras informações importantes para a estratégia organizacional.
6. Falta de planejamento
A presença de familiares também faz com que, muitas vezes, a empresa seja gerenciada sem planejamento. Nesses casos, o empreendedor costuma tomar decisões com base em sua intuição e sem avaliar o cenário como um todo, atendo-se ao curto prazo. Essa atitude prejudica a vantagem competitiva e pode levar o negócio ao fracasso.
7. Atendimento ruim
Os clientes são um dos elos mais importantes em uma organização, porque sem clientes não há compras e, portanto, não há lucro. Assim, ter um atendimento ruim é sinônimo de fracasso. Mesmo assim, o mau atendimento é comum nas empresas familiares, porque o negócio, especialmente quando é pequeno, é comandado por pessoas da família, que nem sempre aceitam bem as críticas recebidas.
A dica, nesse caso, é dar importância à opinião e à satisfação dos clientes. Isso pode ser feito por meio de pesquisas e formulários, mas se atentar às críticas e mudar o que foi considerado ruim já é uma boa atitude. Além disso, cabe aos sócios verificar como está o atendimento e mudar o que precisa ser melhorado.
8. Poder centralizado
As empresas familiares costumam ter o poder centralizado como uma de suas características mais marcantes. Basicamente, as decisões são tomadas pelo fundador, que coordena e gerencia todas as atividades. Porém, essa situação deve ser modificada.
O ideal é que o fundador saiba delegar tarefas, criando uma hierarquia. Assim, ele conseguirá analisar melhor o que ocorre e garantirá mais eficácia organizacional.
9. Conservadorismo
O conservadorismo não é uma característica positiva em grande parte das situações. No caso de empresas familiares, conservadorismo significa falta de inovação ― e isso representa menos lucro e pouco desenvolvimento para o negócio.
O fundador e os gestores da organização devem pensar “fora da caixinha”, ficando atualizados com relação a processos e novidades do segmento em que a empresa atua. Além disso, deve-se delimitar um planejamento de curto, médio e longo prazos, que pode ajudar a impedir o conservadorismo excessivo.
10. Conflitos pessoais
Em qualquer relacionamento, os conflitos pessoais podem aparecer. Mas no contexto de uma empresa familiar, isso torna-se mais complexo. Por serem pessoas próximas, a tendência é que os conflitos pessoais interfiram diretamente na administração do negócio, tornando-se públicos. Isso desmotiva os colaboradores e causa um clima estranho à cultura organizacional. Por isso, havendo conflitos pessoais, eles devem ficar do lado de fora da organização, evitando problemas.
Segundo Glauco estes são os erros mais comuns na administração de uma empresa familiar. Se você está passando por alguma dessas situações ou montando uma empresa familiar, precisa cuidar e estar atento a esses problemas. Outros erros de gestão também podem acontecer, mas todos podem ser resolvidos com empenho, capacitação dos colaboradores e gestores e análise dos problemas.