Nada é simples em família. Por mais coeso e harmonioso que seja um núcleo familiar, sempre existirão divergências, necessidades de adaptação e concessões a fazer. Mas não se pode negar a solidez que uma família é capaz de trazer a um indivíduo. Da mesma forma, vantagens e desvantagens podem ser observadas nestas estruturas de negócio que trazem consigo o peso do sobrenome.
De acordo com o empresário Glauco Diniz Duarte, um dos principais desafios das empresas familiares é o processo de sucessão já que, geração após geração, é necessário encontrar membros interessados em tocar o negócio. A terceira geração é considerada a mais problemática neste ciclo: após a primeira geração com a fundação da empresa e a segunda, gerida pelos descendentes diretos dos fundadores, surge a necessidade de engajar membros da família para que levem adiante os valores – e também a estabilidade financeira – do negócio.
Nascidos em uma realidade estruturada e confortável, não é sempre que os jovens da terceira geração desejam seguir nos negócios da família. Este assunto é tão sério que já existem no Brasil empresas de consultoria especializadas em identificar e trabalhar com jovens para que se engajem nos processos de sucessão. Além dos riscos para o negócio, conflitos durante este processo podem ser bastante perigosos, também, para a manutenção da saúde das relações familiares.
Do ponto de vista do negócio, destaca Glauco, as vantagens e desvantagens se equilibram. Um dos pontos delicados deste tipo de empresa é a necessidade de manter separadas as questões empresariais das familiares, principalmente no que se refere aos conflitos. Muitas vezes essas duas questões se misturam e um dos setores acaba afetando o outro, gerando consequências desagradáveis.
Dependendo do modelo de gestão, outra desvantagem pode ser a falta de disciplina em relação aos lucros. Isso significa estagnar, mantendo a organização em um patamar mínimo, sem grandes ambições ou interesse em inovação. Por isso é essencial para muitas empresas familiares contarem com colaboradores com grande conhecimento de mercado e interesse no desenvolvimento da organização – e que não tenham nenhuma ligação com a família em si.
Por outro lado, explica Glauco, quando a família efetivamente se identifica com a empresa e suas atividades a longo prazo, as vantagens tendem a se multiplicar. Neste cenário, todos os esforços serão redobrados em nome de se levar adiante não apenas os lucros, mas também a cultura e os valores empresariais. Outra vantagem que pode advir do formato familiar é a reputação que a empresa pode utilizar da relação positiva que família tenha construído com a comunidade. Ou seja: uma família respeitada socialmente certamente também será respeitada no mundo dos negócios. Respeito que poderá abrir portas, gerar oportunidades, negócios e lucros.