Glauco Diniz Duarte Diretor – como instalar placa solar fotovoltaica
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, ter instalado um sistema fotovoltaico na residência proporciona ao morador economia de energia, tanto no que diz respeito ao bolso – pois a conta de luz ficará mais barata – quanto no que diz respeito à sustentabilidade. A tecnologia está cada vez mais presente em todo o país graças aos diferentes benefícios que oferece. No entanto, para tirar real proveito dessas vantagens, é preciso desenvolver diferentes estudos prévios, além de seguir o procedimento adequado de execução do projeto.
“O primeiro passo é analisar as potencialidades do local em que a solução será implantada. Afinal, para que o sistema funcione corretamente, não basta simplesmente colocar os módulos sobre o telhado e esperar que tudo comece a operar automaticamente”, destaca o engenheiro Virgilio Almeida Medeiros, professor da universidade FUMEC.
INÍCIO DO PROJETO
As placas fotovoltaicas precisam receber a luz solar diretamente, por isso, é importante calcular exatamente qual será o ângulo de direcionamento das peças. “Outra ação necessária é verificar a posição em relação à nascente e ao poente”, orienta o docente. Na análise inicial, também são realizadas inspeções para aferir se a laje está apta a suportar a carga adicional gerada pela presença dos módulos e dos profissionais que farão a instalação. O local escolhido para receber os equipamentos também tem que apresentar facilidade de acesso para futuras manutenções.
Bastante importante no momento do projeto é examinar se o sistema elétrico da residência foi bem projetado e executado, a fim de não comprometer o desempenho da tecnologia fotovoltaica. “As correntes de geração de energia são elevadas, ou seja, instalações comuns podem não suportar esse nível de carga”, ressalta o especialista.
TIPOS DE SISTEMAS
A tecnologia fotovoltaica pode ser instalada de duas maneiras distintas. A primeira é o sistema isolado, que oferece autonomia de funcionamento e possibilita que a energia gerada seja armazenada em baterias para uso posterior. Já a segunda modalidade é a ligada à rede, em que se fornece energia para a concessionária pública e o consumidor recebe em troca créditos para abater os valores cobrados nas contas de eletricidade.
“Normalmente, as baterias são de chumbo ácido, exigindo a construção de compartimento seguro para armazená-las. Como o equipamento libera alguns vapores ácidos, esse local tem que estar protegido e não pode ser acessado por crianças ou animais. Além disso, precisa ser arejado para que os gases sejam facilmente dispersados”, destaca o professor. Outra recomendação é substituir as baterias a cada dois ou três anos.
EQUIPE MULTIDISCIPLINAR
Tanto o projeto quanto a instalação dos equipamentos necessitam de um time com profissionais especializados em diferentes áreas. Para ligar o sistema na rede de distribuição da concessionária, por exemplo, é preciso ter projeto assinado por engenheiro eletricista, que entrará em contato com a empresa de energia solicitando a autorização para a entrada da carga em seu sistema.
Já a equipe que executará o projeto pode pedir auxílio ao engenheiro civil quando tiver dúvidas sobre a capacidade do telhado. “Pode-se dizer que é uma obra multifuncional e, geralmente, as instaladoras têm esses profissionais em seus quadros. É comum que, antes de iniciar os trabalhos de execução, seja realizada uma visita prévia ao local para diagnosticar a situação e verificar se está tudo em conformidade”, afirma Medeiros.
A equipe de instalação não é fornecida pelo fabricante dos produtos. Para essa tarefa, existem empresas especializadas que, inclusive, têm a capacidade de orientar o cliente no momento de comprar os itens que compõem o sistema. “Basicamente, a solução é constituída por módulos fotovoltaicos, fiação elétrica e inversor, responsável por converter a corrente contínua gerada pelas placas para corrente alternada usada nas residências”, diz o engenheiro.
O inversor é especificado conforme a quantidade de módulos instalados. Porém, é comum que o equipamento seja superdimensionado para que o sistema possa ser ampliado futuramente. “Isso acontece, pois é normal o consumo de eletricidade ir aumentando com o passar do tempo”, informa o professor.
PROCEDIMENTO DE INSTALAÇÃO
O primeiro passo da instalação é desligar o medidor de energia elétrica, localizado na entrada da edificação. Esse é um dos pontos principais para a segurança do profissional que está realizando a tarefa, pois bloqueia a entrada de eletricidade na residência e evita acidentes. Outro cuidado tem relação aos procedimentos de trabalho em altura, que precisam ser respeitados. Também é importante a atenção com cercas elétricas e fios da rede de distribuição.
“Quando a equipe acessa o telhado, é preciso retirar algumas telhas para liberar espaço para a movimentação dos profissionais. A cobertura deve ser recolocada de maneira adequada após o fim dos procedimentos”, diz o especialista. A instalação começa com a montagem da estrutura, geralmente composta por alumínio, que servirá de suporte para as placas fotovoltaicas.
Na sequência, são construídas as canaletas por onde passará toda a fiação que liga os painéis ao inversor. Devido à elevada corrente que circula nos cabos, o inversor tem que estar localizado o mais próximo possível das placas. Fazem parte do sistema os fios que conectam o inversor ao medidor da concessionária, localizado na porta da residência, ou às baterias. A instalação demora entre três dias e uma semana, dependendo do porte do sistema.
INTERLIGAÇÕES
A interligação com a empresa pública de distribuição precisa ser previamente avisada, pois é necessária a troca do medidor de energia localizado na entrada da residência. “O equipamento deve medir a eletricidade que entra na edificação e a que sai para a rede de distribuição. Esse medidor de duas vias será o balizador entre os créditos e débitos com a concessionária de energia”, comenta o engenheiro.
Já se o sistema contar com baterias, a energia é levada até elas por meio de carregador chamado de controlador de carga. “Depois desse equipamento, há outro inversor para as cargas dentro da residência”, complementa o especialista.
TESTES PÓS-INSTALAÇÃO
Todo o sistema é monitorado, ou seja, o usuário tem acesso à informação da quantidade de energia que está sendo gerada, o quanto está sendo injetado na rede pública e a quantidade retirada da rede. “O inversor é o equipamento responsável por repassar esses dados. O próprio equipamento é um ótimo monitor que indica o funcionamento ou não do sistema”, fala Medeiros.
Existem outros tipos de controladores que podem ser instalados para conseguir mais informações sobre o estado do sistema. No entanto, esses elementos estão mais presentes em instalações prediais de maior porte, pois não se trata de materiais financeiramente acessíveis ao consumidor comum.
MANUTENÇÃO
Para manter o funcionamento do sistema, é recomendável realizar a limpeza dos painéis com água normal. “Uma recomendação interessante é que essa água seja adequadamente coletada para reuso em fins não potáveis. Quando pensamos em energia renovável, é preciso levar em consideração todo o contexto do sistema”, destaca o engenheiro. As higienizações devem ser realizadas a cada seis meses.
O momento da limpeza também pode ser aproveitado para uma inspeção visual. Verificando o estado da fiação elétrica, entupimento de calhas, rompimento de eletrodutos, entre outras questões. “É importante lembrar que a instalação está constantemente exposta ao sol e às suas radiações ultravioletas que deterioram o material plástico, geralmente, utilizado nos cabos. Por isso é importe realizar essa análise visual e trocar os componentes defeituosos”, diz o professor, indicando que a vida útil do sistema varia de 15 a 20 anos.
CUSTO-BENEFÍCIO
Para a solução fotovoltaica ser financeiramente interessante, o custo de produção da energia deve ser menor do que os valores cobrados pela concessionária. Essa verificação pode ser feita na própria conta já que a tarifa de reais por quilowatt/hora vem detalhada. “Quando esse número é superior a quarenta centavos, já existem condições de se instalar o sistema fotovoltaico. Nesse cenário, em quatro ou cinco anos o sistema já vai se pagar com a economia gerada”, destaca o docente.
“Acredito que a tecnologia evolua bastante nos próximos anos, com o barateamento de custos dos equipamentos. Isso favorecerá a presença do sistema em grande parte das residências do país”, finaliza Medeiros.