Glauco Diniz Duarte Diretor – qual o valor do painel solar
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, o que havemos de esperar no futuro? Foi a partir de 2010 que a energia solar cresceu a passos gigantes. Só na última década, as instalações solares a nível mundial cresceram mais de 6 vezes, tendo passado de 16 GW em 2010 para 105 GW em 2019 (valores anuais).
Entretanto, os preços dos painéis solares de silício caíram de pouco mais de 2 €/W para pouco mais de 0.20 €/W no terceiro trimestre de 2019! Uma redução de preço na ordem dos 90% que se tornou num dos fatores mais importantes que impulsionaram a expansão mundial da energia solar!
Nenhuma outra tecnologia de geração de eletricidade conseguiu acompanhar esse ritmo de redução de custos da energia solar durante esse período.
Dados da Administração e Informação de Energia dos EUA mostram que o custo capital noturno necessário para construir novas centrais elétricas de ciclo combinado de energia eólica e ciclo combinado de gás natural convencional nos EUA baixou de 38% para 2%, respetivamente entre 2010 e 2018!
Mas o custo para construir centrais a combustão aumentou em 11%. Sendo que a mesma economia desfavorável levou a muito poucas construções de novas centras a carvão na segunda metade da década de 2010!
Economias de escala
A principal razão pela qual os painéis solares estão cada vez mais competitivos no que toca aos custos, deve-se à produção em larga escala por parte dos fornecedores. A capacidade de produção mundial de polisilício cresceu mais de 4 vezes na última década, enquanto o preço do polisilício, a matéria prima principal para a produção dos painéis solares diminuiu de 80 € em 2010 para pouco mais de 8 € em 2019!
Do mesmo modo, com a grande queda de preço do painel solar, houve um aumento de produção 5 vezes superior a nível mundial. A capacidade de produção de pás e painéis solares também aumentou durante a última década.
O desenvolvimento de toda a cadeira de fornecimento levou ao desenvolvimento de um mercado de painéis solares robusto e competitivo. Os grandes produtores continuam a produzir a larga escala, inovando os seus modelos de negócio, além de oferecerem novas tecnologias.
APESAR DE TEREM BAIXADO DE PREÇO, OS PAINÉIS SOLARES NÃO BAIXARAM DE QUALIDADE.
Na última década, houve uma grande melhoria na qualidade dos painéis solares, bem como na sua eficiência energética.
A potência de saída média da um painel solar normal de silício múltiplo de 72 células era de 290 W em 2010; atualmente os consumidores conseguem obter no mínimo 345 W, a um custo que é cerca de uma décima parte do preço de 2010!
Como termo comparativo é como comprar o último modelo de iPhone com 90% de desconto sobre o preço do iPhone anterior! Além de que isso no mercado dos telemóveis nunca poderá acontecer, enquanto na energia solar, estas melhorias têm sido vistas a preços mais baixos, ano após ano…
Década de 2010 foi testemunha das seguintes melhorias nos painéis solares:
Painéis se silício monocristalino de maior eficiência começaram a substituir os de silício policristalino, tornando-se os painéis predominantes.
Os painéis solares passaram a usar arquiteturas de células avançadas, como o emissor passivo e o contacto posterior (PERC) e o contacto posterior interdigital (IBC), a hétero união com uma camada fina intrínseca e as tecnologias de células de dupla face.
Os painéis baseados em células maiores (158mm e superiores) e células do tipo N começam a dominar o mercado.
Técnicas inovadores de painéis, como os painéis de médio corte e telhas solares estão a começar a ter a sua quota de mercado.
As inovações tecnológicas irão reduzir o custo de eletricidade (LCOE) por fonte na próxima década
A energia solar é um excelente exemplo da crescente acessibilidade da energia renovável nos anos 2010, e o futuro? Como será? Na mudança para uma nova década, e no mercado da energia solar mundial urge uma mudança radical, sendo que o foco deixa de ser a redução de gastos, e passa a ser a redução do custo energético dos projetos. Painéis solares de alta potência de saída e baixas taxas de degradação são essenciais para se alcançar tal objetivo!
A chave para que os custos da energia solar fotovoltaica continuem a baixar os preços é a inovação tecnológica. As atuais células solares e painéis solares aumentam a potencia de saída do painel sem aumentar proporcionalmente os custos de fabrico, o que resulta num menor custo do painel solar em euros por watt e uma poupança no equilíbrio do sistema.
Como exemplo, painéis solares de dupla face podem proporcionar uma bonificação entre 5% a 15% da potencia de saída com apenas um prémio de preço de 2% a 3%. Pois serão usados menos painéis solares para produzir a mesma quantidade de eletricidade, os painéis de dupla face podem reduzir os custos do balanço do sistema (BOS) em 3% a 7%!
Células grandes permitem que os painéis tenham mais espaço para as reações foto eletrónicas, o que aumenta a capacidade de gerar eletricidade por painel e reduz o uso de cabos, caixas de ligações e outros componentes do balanço do sistema.
Painéis solares com um melhor desempenho de pontos quentes e menor degradação induzida por luz e temperatura podem produzir mais eletricidade durante a vida útil de um projeto e reduzir o custo da eletricidade por fonte de produção.
Por fim, e não menos importante, cada vez mais fabricantes de painéis solares oferecem garantias de 30 anos, o que deixa a vida útil das quintas de energia solar ao nível das centrais de ciclo combinado a gás natural. A geração de eletricidade adicional perto do fim de vida útil de um projeto solar também permitirá reduzir o custo de eletricidade por fonte de produção e aumentaria a competitividade do mercado.
Nesta nova década a indústria global de energia solar irá aproveitar melhor as tecnologias inovadoras para melhorar o rendimento dos seus projetos a longo prazo, além de continuar a reduzir os custos do sistema!