Glauco Diniz Duarte Diretor – porque economizar energia elétrica significa também poupar os recursos naturais
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, se achamos que evoluímos cada vez mais como humanidade, esquecemo-nos de avaliar como utilizamos os recursos naturais imprescindíveis para esses avanços e de que forma e em que medida evoluímos. A ideia de que podemos continuar a viver tal como vivemos hoje é insustentável; se todas as pessoas do mundo consumissem como as pessoas dos países desenvolvidos consomem – na atualidade, cerca de 20% acima do que o planeta pode suportar –, entraríamos em colapso. Assim, se os países em desenvolvimento estabelecerem como meta tal modelo e o atingirem, precisaríamos de três planetas, em média, para suprir o nível de consumo! Qual é a questão, então? Que cada qual permaneça em seus índices de desenvolvimento humano sem pensar em condições melhores de vida para toda a população? Ou mudarmos a direção de nossas ações cotidianas e individuais, a fim de criar a grande rede restauradora que alinhe seus valores a uma sociedade mais justa e sustentável?
Sustentável é a sociedade ou o planeta que produz o suficiente para si e para os seres dos ecossistemas onde se situa; que toma da natureza somente o que ela pode repor; que mostra um sentido de solidariedade generacional, ao preservar para as sociedades futuras os recursos naturais de que elas precisarão. Na prática, a sociedade deve mostrar-se capaz de assumir novos hábitos e de projetar um tipo de desenvolvimento que cultive o cuidado com os equilíbrios ecológicos e funcione dentro dos limites impostos pela natureza (Boff, 1999, p. 137).
Com base na reflexão de Leonardo Boff, retornamos ao início deste artigo. É voltar ao passado que queremos ao dizer que “nada mais é como antigamente”? Ou seria melhor questionarmos e reformularmos o nosso modelo de desenvolvimento? As estatísticas do desmatamento em todo o mundo, o degelo nos polos, os verões e invernos fora de época nos dizem que não se trata de saber se queremos ou não encontrar alternativas para o modelo de sociedade em que hoje vivemos; nós teremos de fazê-lo!
Por que combater o consumo desenfreado de energia?
O importante é trazer para o dia a dia nova maneira de pensar nossos atos, com destaque para a redução do consumo de energia. O consumo de energia é o principal foco dessa proposta de transformação, porque ela está embutida em tudo que consumimos. Está presente em todos os processos de transformação que ocorrem em nosso organismo, no ambiente terrestre ou no espaço sideral. Ou seja, para produzirmos todos os nossos bens de consumo, utilizamos energia. Para a produção do papel e dos alimentos que consumimos, para o fornecimento de água, descarte de dejetos etc., utilizamos energia.
Nesse sentido, tal proposta contempla ações amplas que envolvem a redução do consumo energético em todos os setores envolvidos, não só na energia que chega a nossas casas em forma de eletricidade. A reciclagem, por exemplo, que vem sendo proposta há algum tempo, além de reduzir a quantidade de lixo, serve para economizar energia. Assim como a produção de vidro reciclado, que gasta apenas dois terços da energia necessária para sua produção inicial. O mesmo vale para a reciclagem do alumínio, a qual pode economizar até 95% da energia gasta para produzir alumínio novo, resultando não apenas na economia de recursos naturais, como também na redução de poluentes emitidos durante a fabricação. A energia gasta para produzir uma tonelada de alumínio novo poderia servir para fabricar 20 toneladas de alumínio reciclado!
“Pondo a mão na massa”: dicas práticas
Uma mudança radical nos princípios que regem nossos hábitos de consumo seria o ideal – como dizemos popularmente, “o melhor dos mundos”; porém, se queremos que cada pessoa os incorpore realmente, temos de começar pelo que é viável para cada um. Não é necessário incorporar todas as ações ecologicamente corretas ao mesmo tempo.
Após a fase de adaptação, as mudanças se tornam cada vez mais naturais, abrindo espaço para novas práticas e assim por diante. Quando menos esperamos, a coleta seletiva que fazemos em nossa casa estende-se ao vizinho, mais pessoas no supermercado começam a utilizar as sacolas retornáveis ao nos verem usando as nossas, que, além de “boas” para o planeta, ainda podem ser visualmente atraentes, e assim vamos formando uma grande rede transformadora, capaz de tornar possível a construção de um futuro que contemplará a real conservação de nossos recursos naturais e será mais sadio para as futuras gerações.