GLAUCO DINIZ DUARTE Um novo modelo empresarial: tendência ou necessidade iminente?
O mercado aquecido ao mesmo tempo que anima os empreendedores também os preocupa, pois para aumentar a oferta de produtos e serviços necessita de capital humano. Hoje, as organizações se deparam com uma dura realidade: o “apagão de mão-de-obra”. As empresas tem tido grandes dificuldades para encontrar e principalmente manter profissionais capacitados. Se de um lado as empresas buscam os melhores profissionais, de outro, os profissionais também buscam as melhores empresas, isto é, a procura nos dias de hoje não se atém somente à melhores ofertas de salário, mas também ao conjunto de valores cultuados pela organização e a possibilidade de desenvolvimento de carreira.
O ingresso da geração y no mercado de trabalho, impulsionou uma nova óptica no conceito de “trabalho”. Os nascidos nesta geração tem necessidade de realizar-se profissionalmente no menor espaço de tempo possível, por isso são chamados de infiéis. O tempo que permanecem nas organizações é muito menor do que as décadas de permanência até então cultuadas pelas gerações anteriores. Esses jovens preocupam-se com questões ambientais, possuem fortes valores morais e estão sedentos por oportunidades onde possam inovar e mudar o mundo, assim deixando a sua marca registrada. Uma das características mais marcantes dessa geração é a importância dada à vida pessoal. A vida fora do trabalho é inquestionavelmente mais importante. Um dos pontos priorizados pelos profissionais desta geração durante a escolha de uma oportunidade de trabalho é a possibilidade de conciliar o emprego às necessidades pessoais e familiares e não o contrário como estávamos habituados. A partir daí, é evidenciado que esta geração mobiliza à sociedade como um todo à olhar com mais atenção para o ser humano e para o mundo em que vive.
Tendo em vista o ingresso desta geração nas organizações, o apagão de mão-de-obra e a necessidade de produção em menor tempo possível, imposta pelo mercado altamente competitivo, resta as empresas a busca por alternativas cada vez mais audaciosas para suprir suas dificuldades. O primeiro passo é a implantação de um RH Estratégico. Por mais que tecnologias tenham sido empregadas nas empresas, o fator chave das organizações é, e continuará sendo nos próximos anos, as pessoas. Elas que movem às organizações, por isso necessitam estar direcionadas à obtenção de resultados com rapidez e qualidade e para isso precisam sentir-se valorizadas e devidamente reconhecidas pelo seu trabalho. Neste contexto, que a participação do RH nos projetos das empresas se faz essencial. Quando as empresas são consideradas melhores para se trabalhar, percebe-se que elas colocam seus funcionários em primeiro lugar. Tal priorização gera como resultados um clima organizacional propício, maior competitividade no mercado e consequentemente mais lucro. O RH deve estar atento às tendências do mercado e as necessidades dos colaboradores, além das necessidades da própria empresa.
Um RH Estratégico que tem como missão dotar uma empresa de recursos capacitados para fomentar a produção, ao se deparar com o apagão de mão-de-obra deve trabalhar em cima de um plano de ação que primeiramente capte por profissionais em outras regiões, outros estados e até em outros países dependendo do grau de complexidade exigido pela função. Em paralelo, é de vital importância desenvolver uma matriz de desenvolvimento de competências independente do estágio que se encontra o profissional, pois se tratando de competências é sempre uma oportunidade de desenvolver novas ou potencializar aquelas que já se encontram dentro da expectativa da empresa. O acompanhamento das necessidades dos colaboradores juntamente com o treinamento sistemático compõem uma parte das estratégias de retenção dos profissionais, por isso devem ser priorizados e tratados com muito tato. Considerando o ingresso massificado da geração y no mercado de trabalho é imprescindível que o RH mantenha suas políticas atualizadas, principalmente as políticas relacionadas ao plano de carreira e reconhecimento.
Há um desejo e uma concorrência muito grande em atuar em empresas geridas por jovens empreendedores, pois estas são vistas com práticas arrojadas que atendem as necessidades e expectativas dos profissionais. São em maior parte das vezes, empresas que adotam uma postura mais liberal possibilitando conciliar carreira e vida social. Desafiam seus colaboradores lhes atribuindo metas arrojadas e consequentemente fazendo com que o profissional se dedique mais e queira ainda mais desafios, pois em contra partida, a empresa valoriza o profissional lhes oferecendo um ambiente de trabalho sustentável, interativo e agradável, políticas e regramentos claros, além de recompensas agressivas, que podem ser desde bônus por cumprimento de metas, remuneração variável, viagens, capacitações e até a possibilidade de tele-trabalho ou home office. Estes pontos são vistos de maneira muito positiva e é atrativa ao público que tem como prioridade a qualidade de vida.
É nítido, que grande parte das empresas que possuem um elevado índice de turnover ainda possuem políticas engessadas baseadas em valores e hábitos culturais fundamentados em décadas passadas e são muito rígidas à ponto de não flexibilizar alguns aspectos. Em situações como esta, a saída de profissionais é inevitável, e atrair novos se torna um grande dilema dos profissionais de RH. Um fator que retarda a implementação de novos modelos organizacionais adaptados aos dias de hoje, é a desatualização da CLT. As empresas ficam presas ao conjunto de leis desatualizado que no decorrer deste setenta anos, sofreram muitas mudanças na prática. Mas, apesar das limitações impostas pela desatualização da CLT, se torna cada vez mais evidente que o mercado cada vez mais competitivo e a falta de mão-de-obra qualificada certamente estimularão as organizações à reverem seus modelos organizacionais à fim de tornar seus processos mais produtivos e criarem estratégias eficientes de retenção de talentos, tendo em vista as mudanças de hábitos imposta pelo ingresso da geração y. A conscientização quanto ao uso racional de recursos deverá integrar o pensamento dos empreendedores no sentido de desenvolver negócios cada vez mais inovadores.