GLAUCO DINIZ DUARTE Responsabilidade ambiental para alcançar a excelência empresarial
Praticar a responsabilidade socioambiental é uma premissa para alcançar a excelência empresarial. A afirmação será comprovada com casos de empresas modelos durante o Fórum de Lideranças Empresariais, que será realizado no Encontro Brasileiro de Responsabilidade Socioambiental na sexta-feira (17) em Florianópolis. Participam da mesa-redonda “Excelência empresarial e os novos desafios para a responsabilidade socioambiental corporativa”, o gerente técnico da Fundação Nacional de Qualidade Elton Brasil de Souza, o presidente da Amanco Roberto Salas, o diretor de comunicação e responsabilidade social da Klabin Wilberto Lima Júnior e o presidente da Serasa Élcio Aníbal de Lucca.
“O desafio maior para as empresas é associar o discurso à prática e assegurar o sucesso do negócio no longo prazo, contribuindo simultaneamente para o desenvolvimento econômico, social e o equilíbrio entre meio ambiente e sociedade”, destaca Elton Brasil de Sousa. Durante sua apresentação, o gerente técnico da Fundação Nacional de Qualidade (FNQ) irá mostrar aos empresários como o Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) da FNQ aborda a responsabilidade socioambiental nas organizações e como estas implementam o Modelo.
O Modelo de Excelência da Gestão® (MEG) disseminado pela FNQ está baseado em 11 fundamentos e oito critérios. A responsabilidade social é um desses fundamentos. De acordo com Souza, a responsabilidade socioambiental vem conquistando espaço nos aspectos claramente econômicos do mundo dos negócios. “Há uma nítida tendência de estabelecer as práticas de responsabilidade social empresarial como balizadoras de relações de mercado”, afirma. Grandes corporações como a Petrobras, a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), o ABN Amro Bank, por exemplo, já começaram a adotar critérios de responsabilidade socioambiental para avaliação dos seus fornecedores. O mesmo ocorre na composição de carteiras de investimentos e na inclusão de cláusulas socioambientais em contratos de concessão de crédito.
Diferente das Normas ISO, o MEG não é uma ferramenta normalizadora, e sim, um modelo de gestão que abrange toda a organização, sem prescrever ferramentas. “As normas ISO, metodologias como o Balanced Scorecard, gerenciamento pelas diretrizes, indicadores Ethos, entre outros são utilizados normalmente para responder os requisitos do Modelo”, explica o gerente da FNQ.
Em recente pesquisa feita pela fundação, cerca de cinco mil empresas em todo o País declaram que implementam o MEG em sua totalidade e 48 mil, de forma parcial. São empresas de todos os portes e setores, como Suzano Papel e Celulose, Albras, Belgo, Natura e Klabin. Um levantamento feito pela FNQ, em parceria com a Serasa, em 2005 e 2006, apontou que empresas que utilizam o MEG da fundação têm média de desempenho melhor do que outras organizações de seus segmentos. Esta pesquisa comparou 130 demonstrativos contábeis de empresas membros da instituição, usuárias do MEG, com o desempenho das 3.692 maiores corporações de seus setores de atuação. Os resultados comprovam que, mesmo com a flutuação do dólar, as empresas membros da FNQ nos segmentos indústria, comércio e serviços tiveram evolução no faturamento e margem de lucros maiores que seus setores de atuação.
O esgotamento progressivo de recursos naturais fez com que a preocupação com o desenvolvimento sustentável aumentasse nestes últimos anos. Mas, segundo Souza, o Brasil está bem direcionado nesse sentido. “Nosso país, hoje, já conta com lideranças empresariais conscientes de que a responsabilidade socioambiental é uma estratégia de negócio que contribui para a competitividade e sustentabilidade das empresas”, ressalta.
Entre os países que usam o modelo de gestão no qual o da FNQ se baseou, o Brasil é o primeiro a adotar a responsabilidade social como fundamento e o item sociedade como critério de avaliação no sistema de avaliação das organizações. “Com isso, os empresários já dispõem de instrumentos que lhes permitem planejar, implantar e avaliar essas políticas com método e segurança”, afirma o gerente da FNQ.
Na prática
Durante a mesa-redonda, empresas renomadas irão apresentar o seu modelo de sustentabilidade. Uma delas é a Serasa, única empresa tricampeã do Prêmio Nacional da Qualidade e a primeira a ser certificada na norma brasileira de responsabilidade social. Em sua apresentação, o presidente da empresa, Elcio Aníbal de Lucca, abordará o contexto corporativo da sustentabilidade e a questão do porquê as empresas existem e são importantes agentes de transformação social.
Outra presença será do presidente da Amanco, Roberto Salas, que explicará o desafio do compromisso de longo prazo das empresas e a importância de uma estratégia de negócios que suporte no curto prazo este compromisso de longo prazo. Outros pontos abordados serão o gerenciamento sistemático dos impactos sociais e ambientais como parte da estratégia de negócios e a importância da governança corporativa na visão da responsabilidade socioambiental.