Glauco Diniz Duarte Diretor – Como está a energia solar no Brasil
Segundo o Dr. Glauco Diniz Duarte, a radiação solar para o aproveitamento de energia solar no mundo apresenta altos valores, principalmente nos continentes asiático e africano, atingindo até 1424 e 2003 kWh/kWp de potencial específico, respectivamente, segundo o Global Solar Atlas.
A distribuição de sistemas de energia solar no mundo tem crescido exponencialmente nos últimos anos. Segundo a IEA (International Energy Agency), o uso de energia solar poderá chegar a 30% em 2022 em países com maior capacidade instalada de geração, como a China, Alemanha, Japão e EUA.
Correspondendo a 25,8% da produção global, a China é o país mais capacitado para a geração de energia solar instalada. Sendo assim, ela totaliza até 78.100MW de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
Além disso, também é possível observar países com expressiva representação da fonte solar associados à demanda como Itália, Grécia e Alemanha. Entretanto, países como China e Estados Unidos, líderes mundiais em capacidade instalada, não apresentam grande relevância para o atendimento da demanda total do país por eletricidade através da fonte solar.
Sendo assim, países com maior potencial de desenvolvimento em energia solar fotovoltaica dispõem de políticas de incentivo à tecnologia. Deste modo, a fabricação, a importação de equipamentos e modelos de regulamentação para a comercialização da energia elétrica gerada são as principais sugestões de implementação.
Energia solar no Japão
1994 – Instituiu o programa 70 mil telhados solares;
US$ 457 milhões em investimentos no programa;
Redução fiscal para a indústria solar;
Subsídios para o financiamento de energia solar;
2013: atingiu uma potência instalada de 6.707 MW, incentivando toda a população a adotar o uso de energia solar em suas residências;
2014: tornou-se o segundo maior no mercado mundial, atingindo o recorde de 6,97 GW e 9,74 GW de potência instalada;
2016: ampliou a capacidade acumulada, constituindo-se como a segunda maior capacidade instalada de energia solar fotovoltaica do mundo, chegando a 42.750 MW, apenas atrás da China;
2019: expandiu seus empreendimentos, criando a primeira usina solar no Brasil, com 1,3 GW de potência instalada.
Resultados: Aumento de 15 MW em 1993 para 127 MW em 2001.
Energia solar na Alemanha
1991 – Foi instituída a Lei Feed–in–Law;
Início da venda de energia provinda de geração distribuída: A concessionária é obrigada a comprar toda energia gerada pelos sistemas fotovoltaicos, pagando em forma de créditos energéticos por essa energia;
1991 a 1995 – Instituição do Programa 1 mil telhados fotovoltaicos oferecendo uma subvenção de 70% do custo inicial para a instalação do projeto;
1999 – “100.000 Roofs Solar Programme” – Programa do governo objetivando a instalação de 10 mil telhados solares, contando com financiamento de 0% de juros e 10 anos para o financiamento;
2000: aprovação da lei obrigatória, em que as companhias elétricas devem pagar, em dinheiro, aos consumidores que devolvem o excedente de energia gerada nos sistemas de microgeração, como créditos energéticos;
2018: o país trabalha para a diminuição da emissão de CO2, estando 32% abaixo dos níveis do ano de 1990, estimando-se 40% em redução;
2019: estima-se que a Alemanha produza 35% da eletricidade a partir de fontes de energia renováveis, para que seja possível atingir 100% de energia limpa e inesgotável em utilização até 2050.
Resultados: Consolidação da Alemanha como a maior referência em fomento à geração de energia solar fotovoltaica mundial.
Energia solar nos EUA
2006: Foi instaurado o programa do estado da Califórnia chamado “Million Solar Roofs Plan”, objetivando a instalação de sistemas fotovoltaicos em um milhão de telhados. Esse totalizou 18 GWp de potência até 2018;
2008: O Departamento de energia do governo estadunidense anunciou o investimento de US$17,6 milhões em seis companhias de energia. Assim, tornou a energia fotovoltaica competitiva através do desenvolvimento tecnológico;
Incentivos fiscais e financiamentos: 40 estados já adotaram o sistema de net metering. Taxas de financiamentos mais baixas para sistemas fotovoltaicos e deduções de impostos estão entre as políticas de incentivo que foram aplicadas pelo governo para o desenvolvimento da fonte.
2008: o departamento de energia do governo estadunidense anunciou o investimento de US$ 17,6 milhões em seis companhias de energia. Assim, tornou a energia fotovoltaica competitiva através do desenvolvimento tecnológico;
2010: incentivos fiscais e financiamentos: 40 estados já adotaram o sistema de net metering. Taxas de financiamentos mais baixas para sistemas fotovoltaicos e deduções de impostos estão entre as políticas de incentivo que foram aplicadas pelo governo para o desenvolvimento da fonte;
2019: por conta do crescimento constante da distribuição de energia solar no mundo, estima-se que, em 2022, o uso da fonte alternativa chegue a 30%, segundo a IEA (International Energy Agency).
Resultados: Os Estados Unidos já possuem um mercado consolidado em geração distribuída. Para os consumidores, novos produtos financeiros estão popularizando-se em formatos de PPA ou leasing, possibilitando aos clientes economia imediata através da energia solar (savings from day one).
Energia solar na China
A China é uma das maiores consumidoras – e produtoras – de energia solar no mundo. O país tem o compromisso de utilizar 35% de combustíveis não fósseis em sua matriz elétrica, a fim de minimizar os impactos de atividades industriais, comerciais e domésticas na natureza.
Os custos para o uso da energia solar na China é menor, se comparado com outros países. Isso se dá porque existem incentivos governamentais à adoção desse sistema. O país conta com mais de 400 empresas do tipo em operação, dentre elas, destacam-se a Suntech e Yingli. Estima-se que até 2030 a capacidade fotovoltaica do país chegue aos 400 GW, representando 10% da energia primária produzida.
Por ser a maior fabricante de painéis solares do mundo, a China também conta com a maior usina solar já construída, com capacidade de produzir 1.500 MW. Números apontam que a China é responsável por consumir mais de 50% da produção de placas solares do mundo inteiro, o que coloca o país no caminho certo para a independência energética.
Energia solar na Espanha
Segundo a União Fotovoltaica da Espanha (UNEF), o país passou por um aumento de 94% na produção de energia fotovoltaica, em relação aos últimos anos. De acordo com dados da mesma instituição, em 2018, foram instalados 261,7 MW de novos sistemas fotovoltaicos ligados à rede, enquanto 235,7 MW tiveram como finalidade o autoconsumo.
Esse cenário positivo ocorre, em grande parte, em decorrência dos estímulos governamentais à adesão de sistemas fotovoltaicos, que diminuem os custos de instalação e manutenção para os consumidores finais.
A principal usina do país é a Gemasolar, a primeira a operar 24h por dia. Essa usina é capaz de acumular energia dos raios solares e produzir eletricidade mesmo durante dias nublados, chuvosos e até durante a noite.
Energia solar na Índia
Desde 2015, a Índia coloca em prática seus planos de utilizar a energia solar para substituir sua principal fonte energética atual, o carvão. Desde então, o país figura entre os que mais investem em energia renovável. Seu objetivo é que, até 2030, o país seja responsável pela produção de 100 Gigawatts de energia fotovoltaica.
O subsídio do governo para compra e instalação de sistemas de energia solar fez desse um negócio muito lucrativo para o mercado indiano. Atualmente, o país conta com 863 MW instalados, número que cresce a cada ano. O futuro para a energia solar no país, portanto, é realmente promissor.
A Energia solar no Brasil
Há, no Brasil, uma matriz energética predominantemente renovável que se sobressai entre tantos países líderes em produção mundial. O país conta com níveis de irradiação solar superiores aos de países onde projetos de aproveitamento de energia solar são explorados em larga escala, como Alemanha, França e Espanha.
De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2026 – estima-se que a capacidade instalada de geração solar chegue a 13 GW em 2026, sendo 9,6 GW de geração centralizada e 3,4 GW de geração distribuída. Essa proporção poderá chegar em até 5,7% da potência total.
Índices de insolação no Brasil
O Brasil possui um grande nível de insolação e reservas de quartzo com qualidade para a distribuição de energia solar. Especialmente no Nordeste, com destaque para o Vale do São Francisco, possuímos altos índices de irradiação solar global, sobressaindo entre todas as regiões geográficas com a maior média anual.
No país, os valores máximos de irradiação solar podem ser observados na região central da Bahia (6,5 kWh/m² ao dia), envolvendo também o noroeste de Minas Gerais. Sendo assim, suas temperaturas correspondem a um regime de baixa nebulosidade e alta incidência de irradiação em regiões semiáridas durante todo o ano.
Ainda assim, é válido destacar que também é possível observar grande potencial de aproveitamento energético, mesmo havendo regiões com menores índices de insolação. Logo, existem diversas maneiras de aproveitarmos a energia solar no Brasil, basta alcançarmos os incentivos necessários.
O crescimento da energia solar em 2019
Segundo levantamentos realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e pela Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o Brasil alcançou a potência instalada de 4.460 MW em 2019, obtendo um crescimento de 45% em relação ao ano anterior, superando as expectativas.
Com isso, o aproveitamento da energia solar fotovoltaica no território brasileiro foi ampliado em diversos estados, como em Minas Gerais, que é o líder no ranking estadual de Geração Distribuída, com 19,2% de potência instalada. Em seguida, Rio Grande do Sul, com 13,5%, e São Paulo, com 12%.
O panorama atual de utilização da fonte de energia alternativa e renovável no País é, portanto, favorável também com o aumento da energia solar na matriz elétrica brasileira, atingindo 1,5% do total.
A capacidade de produção de energia solar no mundo foi estabelecida em 512,3 GW de instalações fotovoltaicas cumulativas, especialmente em sistemas conectados à rede (on grid) nos últimos anos. Com isso, os principais países que utilizam a tecnologia como fonte de energia alternativa são representados por: Índia, (32,9 GW), Reino Unido (13 GW), Grécia (2,7 GW), República Tcheca (2,2 GW), Romênia (1,4 GW), Ucrânia (1,3 GW), Bulgária (1 GW) e Eslováquia (0,5 GW).
Enquanto isso, países que não correspondem às maiores instalações cumulativas possuem instalações de: Paquistão (2,1 GW), Taiwan (2,7 GW), Brasil (2,3 GW) e Filipinas (0,9 GW). Além disso, há diversos outros países que, apesar de iniciarem o uso da tecnologia em seu território, ainda não atingiram um nível de desenvolvimento significativo.
Ainda assim, existem países com um alto índice de implementação fotovoltaica, bem como outras fontes de energia alternativas, como a Itália (9,2%), Japão (7,8%), Austrália (6,5%), Chile (5,5%), Bélgica (5%), Israel (4,4%), Suíça (4,3%), Holanda (3,9%), China (3,6%), Espanha (3,6%) e Dinamarca (3,2%).
